verba poetae

Sueño Despierto

Yo sueño con los ojos

Abiertos, y de día

Y noche-- siempre sueño;-

Y sobre las espumas

Del ancho mar revuelto,-

Y por entre las crespas

Arenas del desierto,-

Y de los rudos leones,

Huéspedes de mi pecho,

Montado alegremente

Sobre el redondo cuello-

Un niño que me llama

Flotando spre veo.-

José Martí


Nunca direi que te amo

Sem nenhum aviso,
as sardas de um rosto, vieram as sardas
e eram notícia de uma navegação morena;
uma voz rouquenha, como se abafasse
o grito súbito sobre este porto
de nenhum aviso.

Nunca lhe direi sobre o amor: jamais faria
declaração de posse às minhas mãos;
nenhum registro público hei de requerer
sobre meus pés; nem protocolos mandarei abrir
sobre meus braços;
mandato algum darei sobre meus olhos:
cega-me a crueldade desta posse.

De que haveria de falar, se a voz
me some nos contrastes deste aviso súbito?

Os segredos,
não os desvendarei -
as mãos, a voz, este "sim" -
porque
Ela,
subitamente a tua voz morena:
a flor, o vinho. 

Soares Feitosa

Poema para uma exposição 

O quadro na parede abre uma janela
que dá para o outro mundo
deste mundo...

Um mundo insento de rumores
e de mil flutuações atmosféricas
- alheio a toda humana contingência...

Onde um momento é sempre
e o mal e o bem não têm nenhum sentido...

Mundo
em que a forma também é a própria essência.

Ó vida
Transfixada ao muro - e que palpita,
entanto,
num misterioros, eterno movimento! 

Mário Quintana



Poema quase epitáfio

Violentamente só
desfeito em louco
- nem um gato lunar
te arranha um pouco

Morreram-te na família
irmãos mais velhos
Restam retratos de vidro
e espelhos

Entre as fêmeas bendita
não te quis
As outras mataste
(nem há sangue que te baste)

O chão do teu país
deu-te água e uma raiz
muitas pedras mas prisões

- Senhor demónio dos sós
Quando ele morrer
onde o pões?

Luiza Neto Jorge


Confissão 

Eu escrevo

Como quem grita de alegria

Libertando-se das correntes da timidez.


Eu escrevo

Como um riacho que recebe afluentes e transborda,

Como o rio que se derrama nas pedras,

Vales, e jorra em cachoeira.


Eu escrevo

Apressada, aproveitando o romper da aurora,

A claridade do dia,

A tênue luz do ocaso, 

Temendo a longa noite que não terá amanhecer. 


Luciene Freitas

Variante

Atalho da Penha de senha nenhuma
Das casas pequenas se viam centenas
De sonhos profundos lagos rasos e fundos
Reparo na linha desvio de rotina
As trilhas caipiras servindo as meninas
De sonhos profundos lagos rasos e fundos
No Rio São Francisco navega o vapor
Que navegou no Mississipi
O Rio São Francisco deságua sua dor no Tietê
Variante da estação do norte
De seu Joaquim da Luz 
Se eu pudesse aproximava os tempos
Adonirava o Blues


Edvaldo Santana 


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